Baile de cobra
Joaquim Barbosa ganhou mais manchetes desistindo de se candidatar à Presidência da República do que quando, lá atrás, anunciou que seria candidato. Na realidade, é aquela coisa de sempre. Um ex-ministro do Supremo se transforma imediatamente em semideus quando se destaca em algum julgamento e vira Deus quando fala grosso contra a corrupção e outras mazelas brasileiras. Mas entrar em baile de cobra sem perneira é brabo.
Um erro bem brasileiro
Infeliz da nação que precisa de heróis, ensinava o dramaturgo alemão Bertolt Brecht. E olha que ele flertou, namorou e casou com a esquerda europeia no seu tempo, esquerda mesmo. Era marxista ou perto disso. É uma das antessalas de escolhas malfeitas, escolher alguém como salvador da pátria por algumas manifestações pontuais. Joaquim Barbosa pode ser um bom homem e foi bom ministro, mas daí para pilotar essa locomotiva desgovernada vai uma distância grande.
O homem do meio
O famoso mercado o via como uma alternativa razoável, principalmente porque em julgamentos e entrevistas dava a entender que entendia o modo como a economia funciona, algo que a esquerda em geral entende lhufas. Também, depois do desastre soviético e do fracasso cubano em pelo menos dar renda ao povo, não sobrou nenhum espelho ileso.