Assunto particular
O Rio Grande do Sul tem cidades com fama de violentas, vocês sabem, e nem cabe discutir o motivo, basta saber que elas são assim. Pois contam que um fazendeiro de uma dessas cidades, que não fica na Fronteira, já vou esclarecendo, matou um desafeto com um balaço de 38 no meio dos peito nos idos dos anos 1960. Asi no más, em pleno café mais frequentado da cidade, na esquina da praça, a meia quadra na igreja matriz.
Um dia depois do acontecido ele se encontrou com um amigo. Foram matear.
– Tu sabe que eu estou pasmo até agora, compadre. Nem imagina o que tive que aturar do delegado de Polícia, um novato que recém saiu dos cueiros.
O mate roncou. O compadre encheu a cuia e alcançou o amargo ao amigo.
– Tipo o quê?
– Pôs quis saber se eu tinha porte de arma, se tinha registro e, pior, queria que eu entregasse a arma na delegacia!
O compadre revirou os olhos.
– Mas que côsa, seu! Coisa assim tão particulares. O que é que ele tem a ver com isso?
O outro revirou um pouco a bomba para desentupi-la.
– Pois é. Foi o que eu disse a ele.
– Não há mais respeito. Que tempos vivemos…
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