As três fases da viúva
Um amigo, Paulo Motta, fez uma brincadeira com o finado Mao Tse Tung, o que certamente o levará ao inferno vermelho tão logo a ala maoísta da ultra esquerda nacional disso tenha conhecimento. Então lembrei de uma história da viúva de Mao. Tem a ver com cachorro que não larga osso, sobre gente que já poderia e deveria estar curtindo o ócio com dignidade – às vezes sem esta última – joga pesado para conseguir mais poder. Mas dá para entender.
A jornalista italiana Oriana Fallaci, falecida em 2007, ficou famosa por suas entrevistas polêmicas. Alguns dos entrevistados, como Henry Kissinger, juraram nunca mais falar com ela. Na sua biografia, não aparece referência a uma entrevista que fez com Jiang Quing, viúva de Mao Tse Tung. Condenada à prisão perpétua por fazer parte da famosa Camarilha dos Quatro, que tentou um golpe quase latino-americano para assumir o controle da China, e morreu de câncer no presídio, nos anos 1980. Lá pelas tantas da conversa, Oriana perguntou:
– Mas como é que a senhora, uma mulher com educação europeia, que foi primeira bailarina da Ópera de Pequim e casada com o maior líder de massas do século XX, já passando da meia idade, foi conspirar com um bando de aventureiros?
Jiang suspirou.
– Toma nota aí, minha filha. Todas as pessoas tem três fases na vida. Na primeira querem sexo; na segunda, dinheiro; na terceira, poder.
A viúva sabia das coisas.
São os três “operadores empíricos” explorados pelas ideologias: DINHEIRO, PODER e SEXO!