As teias da vida e da morte
Semana passada, morreu a jornalista Gemma Generalli, que foi minha colega na faculdade e na Zero Hora dos anos 1980. Fiquei surpreso ao saber que ela tinha 90 anos. Nos tempos da ZH, ela era bem mais velha do que nós, é verdade, mas não imaginava essa diferença toda. A Gemma era reservada, muito culta, e se escandalizava com a falta de cultua geral dos jornalistas. Imagina se ela conhecesse as redações de hoje.
Mas é para ver como os destinos se cruzam. O irmão dela, Lírio, já falecido, era funcionário da Federasul e meu grande amigo. Mantinha um sotaque italiano clássico. Aí vêm os destinos cruzados que me refiro. A então poderosa Guaspari, forte marca em vestuário, era também nome do prédio onde hoje fica a recém inaugurada Lojas Lebes, no Centro da Capital, e a razão social era Guaspari Generalli, pelo menos no tempo em que eu trabalhava em banco, início dos anos 1960.
O prédio foi todo restaurado pelos novos donos, mas o edifício mantém o nome original. Antes de saber do falecimento da Gemma, almocei no restaurante do 4º andar. Olhei longamente a paisagem vista dos janelões. Como dali se avista o prédio da Associação Comercial, onde fica a Federasul, lembrei do meu amigo Lírio Generali – trabalhei lá um ano e pico.
Dias depois abro a ZH e, no necrológio, vejo a foto da Gemma, irmã do Lírio, ambos amigos meus.