As rugas do Stallone

17 jan • A Vida como ela foi1 comentário em As rugas do Stallone

 De tempos em tempos, aparecem atores de cinema com o raro dom de desempenhar qualquer papel movendo apenas algumas rugas verticais e horizontais. Um deles, que sempre fazia o papel de bandido nos faroestes dos anos 1950/60, chamava-se Jack Palance. Só precisava da sua cara feia. Mais recentemente, apareceram dois notáveis, Sylvester Stallone e Nicolas Cage. Fenômenos de interpretação, ambos.

 Até que eu gosto do Stallone pelo conjunto da obra, em filmes que ele era um cara atormentado, injustiçado, soturno. Raras vezes ria. As rugas verticais no começo da testa, logo acima do nariz, tinham duas posições: positivo operante e standby. Quando acionadas, as rugas manifestavam tristeza, raiva, fúria entre outros; sem elas, podia ser qualquer coisa, inclusive alegria ou conformismo. O erguer do canto da boca ele herdou do Harrison Ford. É o modelo padrão americano de parecer malandro.

 Nicolas Cage é um pouco mais minimalista. As rugas na testa dele são horizontais. Traduziam uma gama enorme de emoções. Que iam desde preocupação, tristeza, revolta, emoção, um pouco mais que as do Stallone, com a desvantagem de não ter o canto da boca para cima. Os três davam a impressão de ter maus dentes ou não tê-los no canto oposto.

 O Oscar vai para os três. São poucos os gênios que conseguem desempenhar uma série de personagens só com rugas e canto da boca.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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One Response to As rugas do Stallone

  1. Gustavo D'Ávila disse:

    Caro Albrecht;
    na minha modesta opinião, deixaste de fora o grandioso Clint Eastwood. Fez dezenas de filmes com apenas duas expressões: com ou sem chapéu.

    Abs

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