As luzes da cidade
Nos meus tempos de Ginásio, Ensino Médio hoje, o fascínio pelas luzes da cidade grande não era mera força de expressão. Já quando criança subíamos o Morro do Diabo, em São Vendelino, ou a parte mais alta do Morro da Canastra para ver, em noite sem nuvens, as luzes de Porto Alegre, distantes 90 Km.
Já em Montenegro, no início dos anos 1950, costumávamos calcular a prosperidade de uma cidade pela quantidade de luminosos a neon na rua principal da cidade. Lembro vagamente que na rua Ramiro Barcelos – e qual cidade não tem uma rua com o nome deste médico, político e escritor? – eu contava seis ou sete, porque luminosos comuns eram o segundo time. A gente ansiava para que abrisse uma nova loja para alegrar a noite.
Certa vez, fui a Lajeado, distante 70 Km, e fiquei impressionado com a quantidade de luminosos a neon na rua principal deles e, mais, até em ruas transversais. Foi neste dia que cheguei à conclusão que Lajeado era rica e Montenegro era pobre. Já adulto, verifiquei que era correta a minha convicção juvenil, quando recém havia abandonado calças curtas.
De certa forma, eu criei uma escola de economia naquele tempo, o de ver a pujança de uma cidade pelo número de luminosos, especialmente os de neon. E o mais impressionante, era instantânea. Então bem que podia ter ganho o Prêmio Nobel de Economia sem Economistas.