As histórias da Polícia segundo o Comissário
Quando houve a reestruturação das Polícias Civil e Militar, na segunda metade dos anos 1960, a Polícia Civil gaúcha deixou de usar uniforme, os famosos “ratos brancos” da música Alto da Bronze. Usavam quepe e parecia como a polícia de Nova Iorque como a conhecemos. Entre outras funções, eles também controlavam o trânsito, incluindo o manejo manual da abertura do sinal em cruzamentos mais complicados.
O novo Estatuto da Polícia exigia que os Delegados fossem bacharéis em Direito, e os inspetores e comissários tinham que ter o segundo grau. Parte dos que já estavam na corporação tinha que passar por uma espécie de “exame da Ordem”. Para evitar claros nas fileiras da Polícia, a banca examinadora pegava leve nas perguntas.
Um destes examinadores foi o delegado Antônio Diniz de Oliveira, que depois foi Chefe de Polícia, já falecido. Certa vez, ele me contou como se deu a prova oral com um conhecido comissário, apelidado de “Tio Z…” antes de virar moda garotas chamarem de tio alguém com mais de 40 anos. Sabendo da sua parca erudição, o delegado Diniz fez perguntas simples, básicas, que qualquer policial sabia de cor e salteado.
– Me diz aí a primeira estrofe do Hino da Polícia.
Não saiu nada.
– Quando foi fundada a Guarda Civil do Rio Grande do Sul?
Silêncio. Diniz foi para outra questão facílima
– Então, me conta alguma coisa da história da Polícia durante todo esse tempo.
O tio Z. saltou na cadeira.
– Ih, delegado, tais querendo me comprometer? Eu, hein? Olha se vou dar uma de jacaré e contar as histórias da Polícia…