As especialistas
Há muitos anos, em uma galáxia bem distante, a dona de casa que aqui chamaríamos de casa de garotas de programa viu-se às voltas com problema de alvará. Havia mudado a legislação, e o estabelecimento, muito famoso, não se enquadrava nas novas regras. Por indicação de amigos, buscou ajuda de alto funcionário da pasta, que expedia esta documentação. Imagina o desemprego se a casa fechar, reforçou ela.
Com a maior boa vontade, o burocrata ensinou o mapa da mina e ensinou o caminho da obtenção do alvará, garantindo ainda um trâmite rápido que, na nossa galáxia, chamamos “para ontem”. “Ontem” mesmo veio o documento. Assim que recebeu o alvará, a madame foi ao gabinete dele para agradecer. Tão logo sentou-se na cadeira, pediu uma folha de papel em branco. Rabiscou duas frases e o entregou ao homem público:
“Vale uma cerveja.”
“Vale um programa.”
Encabulado, o bom homem, já não tão moço assim, deu a resposta ao gentil oferecimento.
– Muito grato, aceito a primeira parte, mas preciso dizer que tenho dúvidas quanto à segunda parte.
A tia, vamos chamá-la assim, apertou a mão dele, pegou a bolsa e saiu do gabinete. Já na porta, voltou-se para o benfeitor.
– Não se preocupe quanto à segunda parte. A garota que receber o meu vale já sabe como tratar o senhor.
« F. A. Credo em cruz! »