As boas maneiras
O advogado e amigo Antônio Carlos Côrtes enviou essa ilustração sobre variações em torno do mesmo prato. A etiqueta manda cruzar os talheres quando se está satisfeito, mas o povo, mesmo o que mora mais alto, não obedece mais essas regras como antigamente. Para piorar, quando existe entrada, as facas e garfos são menores que os utilizados no prato principal. Em teoria, acabou a entrada, o cara da bandeja leva prato e talheres.
Só que não. Provavelmente para diminuir o custo da cozinha, muitas vezes, os talheres da entrada e do prato principal são os mesmos. O que ainda resta das regras do bem comer e como se comportar em público, essas coisas, estão desparecendo. O mundo começou a ir para o brejo mais ou menos na virada dos anos 1960 para 1970. E com ele, a etiqueta. As mulheres, principalmente, eram educadas rigidamente sobre comportamento em público, desde a postura até uso de talheres passando pelo caminhar. Lembram dos professores gritando para os meninos “barriga para dentro e peito para fora”?
Em Porto Alegre, havia cursos de etiqueta, e até empresas que franqueavam estes ensinamentos, como a Socila. Quem era famosa em dar aulas para debutantes era a jornalista Célia Ribeiro, e ensinava bem. No Interior, era comum as costureiras que faziam vestidos de noivas complementarem renda com aulas de etiqueta.
A questão é outra, o furo é mais embaixo. Aprendia-se boas maneiras em casa e isso desapareceu. Você reconhece uma pessoa bem-educada pelo jeito com que ela se porta na mesa. Não precisa necessariamente usar o garfo na mão esquerda. O que interessa á a curta viagem entre o prato e a boca e o mastigar discretamente, principalmente não conversando ao mesmo tempo.
Para muitas pessoas, não adiante ensinar etiqueta por anos. Isso você tem dentro de si, mesmo em estado latente, ou não tem.