Aqueles que não entraram em campo

13 ago • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Aqueles que não entraram em campo

Tão logo começou a pandemia, alguns partidos tomaram Doril. Podiam até estar presentes nas redes sociais, mas era assunto para a militância. No tambor da imprensa fugaram, como na gíria policial, PT principalmente. Os parlamentares da estrelinha vermelha até falavam grosso nos respectivos parlamentos, mas sem alto-falante.

Imagem: Freepik

TEMPO DE RETIRADA

Em parte porque as redações ficaram mais magras que faquir em greve de fome, mas dá para dizer que o partido ficou paralisado. Verdade que outros também emudeceram, até porque as bancadas se recolheram ao lar. E parlamento sem sessão não REPERCOTE, como dizia um assessor de imprensa com menos vocabulário que nenê de dois anos. Lives custaram a engrenar e, quando conseguiram engatar uma primeira, as lives em geral já estavam em quinta marcha.

Live já vai cansando. Ninguém de salário mínimo, do fome-zero e auxílio emergencial entra em live.

COMO ERA VERDE MEU VALE

Lembram do combativo PT dos anos 1990, quando promoviam grandes passeatas diárias no centro de Porto Alegre quase todos os dias? Um mar de bandeiras vermelhas carregadas por gente da classe média e funcionários públicos graduados?

BANDEIRA DA ELITE

Foi nesta época que concluí que o PT não tinha militantes de salário mínimo. Eram da classe média-média para alta. Era moda ser de esquerda. Contavam-se mais bandeiras da estrela em bairro de rico do que na vila.

www.canoas.rs.gov.br/coronavírusFIM DA SUPREMACIA

Sabemos o que aconteceu depois. Das prefeituras chegaram ao governo do Estado e, depois, à Presidência da República. Então veio a corrupção, o fim do encanto, a miniaturização. Hoje,quem carrega a bandeira vermelha é o PSOL e 0 PCdoB. Em Porto Alegre, conquista histórica do PT, a sigla não consegue ser cabeça de chapa na eleição de novembro.

O EFEITO GRAVATA

No tempo em que político sem gravata era mais raro que biquíni em convento, deputados e vereadores do PT caprichavam nesse acessório. Caras gravatas Hermès eram comuns, então comecei a perguntar quem cooptava quem. A esquerda ganhando corações e mentes da elite ou o contrário?

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A FORCA

Naquele tempo ouvi de um grande empresário alinhado com o PT, um companheiro de viagem, como se dizia, sobre o motivo desse estranho casamento, o seguinte comentário.

– Eu dou muita corda para eles mesmos se enforcarem.

E se enforcaram.

O LEGADO

Se o PT perdeu brilho, a esquerda como um todo criou raízes profundas nas escolas, universidades, na cultura, nas artes e nos meios de comunicação. Neste caso, o dono pode ser de direita, mas a redação é de esquerda. Conforme o momento, até o dono ergue o punho esquerdo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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