A Zona da Mata
Antes do advento da informatização e de comunicações poucas e falhas, o resultado das eleições demorava dias e, dependendo do ano, chegava a semanas até que todos os votos fossem escrutinados. Além de poucas estradas asfaltadas, as urnas de zonas eleitorais nas bibocas levavam um tempão para chegar ao juiz eleitoral da cidade e aos TREs. E se fosse eleição apertada, a expectativa era cada vez maior.
Já contei aqui que fui contador de votos (físicos, de papel). A apuração se dava nos Armazéns do Cais do Porto de Porto Alegre, espaçosos o suficiente para abrigar as urnas e as cédulas delas nascidas. A estes recônditos a população e políticos chamavam de “zona da mata”, que era uma definição nacional. Parece-me que a origem da expressão é mineira, nos anos 1950.
No dia seguinte à abertura das urnas, os jornais faziam manchetes com as tais letras garrafais “As urnas falaram!” com exclamação e tudo; dias depois se usava “Falta a zona da mata” e derivações. Vi muito candidato –deputados estaduais e federais ganhar ou perder por causa dessa mata, especialmente quando o candidato não recebia votos pinga-pinga em todo o estado.
Hoje, todos os votos de qualquer região são computados em poucas horas, mas ainda há quem acredite que a zona da mata pode mudar a eleição.