A Zona da Mata

29 out • A Vida como ela foiNenhum comentário em A Zona da Mata

Antes do advento da informatização e de comunicações poucas e falhas, o resultado das eleições demorava dias e, dependendo do ano, chegava a semanas até que todos os votos fossem escrutinados. Além de poucas estradas asfaltadas, as urnas de zonas eleitorais nas bibocas levavam um tempão para chegar ao juiz eleitoral da cidade e aos TREs. E se fosse eleição apertada, a expectativa era cada vez maior.

Já contei aqui que fui contador de votos (físicos, de papel). A apuração se dava nos Armazéns do Cais do Porto de Porto Alegre, espaçosos o suficiente para abrigar as urnas e as cédulas delas nascidas. A estes recônditos a população e políticos chamavam de “zona da mata”, que era uma definição nacional. Parece-me que a origem da expressão é mineira, nos anos 1950.

No dia seguinte à abertura das urnas, os jornais faziam manchetes com as tais letras garrafais “As urnas falaram!” com exclamação e tudo; dias depois se usava “Falta a zona da mata” e derivações. Vi muito candidato –deputados estaduais e federais ganhar ou perder por causa dessa mata, especialmente quando o candidato não recebia votos pinga-pinga em todo o estado.

Hoje, todos os votos de qualquer região são computados em poucas horas, mas ainda há quem acredite que a zona da mata pode mudar a eleição.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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