A tormenta

30 maio • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em A tormenta

   Todo mundo conhece a metáfora do copo meio cheio ou meio vazio, dependendo do estado de espírito do observador. Pois a imagem da borrasca é parecida para definir a nossa situação. Estaria a tormenta passando ou se reforçando? Dando sequência ao pensamento que perfilei na edição de ontem, sobre o fato de nós jornalistas não sabermos o que vai acontecer, repito que ninguém sabe. Saberemos quando pedras de granizo de meio quilo caírem sobre nossas cabeças. Ou não.

Furo na barragem

Dá para notar que a greve dos caminhoneiros (ou locaute dos transportadores) começa a furar aqui e acolá. Longe da normalidade, mas o primeiro furo na represa está esguichando forte e não adianta muito botar o dedo nele. Ocorre que o Brasil está todo ele de tanque vazio, literal e figuradamente. E, para piorar, temos a greve de 72 horas dos petroleiros, claramente uma greve política.

À procura do Big Bang

A esquerda está aturdida com o movimento e agora quer cavalgar a crise com o lema que tudo sempre deve piorar. A esquerda radical quer incorporar a greve, deflagrar outras (daí a dos petroleiros) e, em cima desse pipocar, querem assumir o controle. Uma espécie de Big Bang ideológico.

O ruim pode piorar

Entraram atrasados, mas não pode ser desprezada a hipótese de uma tormenta maior. Não pela greve em si, mas porque o day after vai ser uma ronha. A inflação dará um salto, os preços serão reajustados pelo custo maior do fornecedor e, não bastasse esse merdemoto, está na frente do nosso nariz a reoneração da folha de pagamentos. Quer dizer, 20% a mais. Ou incorpora no preço e não vende, ou não aduz e quebra.

Pensando bem…

…estou achando que a tormenta está é engrossando. Se ainda tivéssemos um governo minimamente resoluto e um Congresso responsável, ainda poderíamos atravessar a borrasca. Mas pergunto eu: estão vendo isso?

O circo

O PT faz suas graçolas. Está divulgando o cronograma de lançamento da pré-candidatura de Lula para a presidência. Entrem na fila da atenção pública, rapaziada, porque terão que disputá-la, do respeitável público, com as greves e efeitos dela.

Azar o nosso

Os jornais também estão amargando prejuízos sem conta. Os estoques de papel e tinta são finitos, e o terceiro pilar do custo de um jornal é a circulação. Nem precisa falar dela.

Cobertor curto

Há um fator a mais que pesa na precisão da cobertura. Quando a crise começou a engordar, as redações foram enxugadas a tal ponto que sobrou só o time que ganha menos. A prata de casa mesmo diminuiu barbaridade. Então, além da qualidade, tem a quantidade. Por isso, não cobrem notícias outras. Todo mundo está imerso no olho do furacão tentando entendê-lo.

O fato…

Deu na Zero Hora: o presidente da Câmara (de Vereadores. N.R.) de São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, garantiu que já há um acordo entre os vereadores para revogar a lei –  criada pelos próprios parlamentares em abril – que estabeleceu a eles o direito ao 13º salário. Conforme Cláudio Renato Becker (MDB), a decisão de voltar atrás na criação do 13º aconteceu após repercussão negativa junto à população.

…e sua graça

Em primeiro lugar, é preciso não entender nada de eleitor nem de opinião pública para achar que a população não reagiria negativamente a esse despautério. Segundo, votar e aprovar uma indecência dessas é para matar. E vocês ainda acham que esse País tem futuro….

Jornal do Comércio

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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