A arte de esquecer

13 jun • A Vida como ela foiNenhum comentário em A arte de esquecer

Parte de um olho verde olhando sedutoramente para a frente

Alto funcionário de uma emissora de televisão, casado não fazia muito, terminou o seu expediente e saiu a serviço. A serviço da paixão. Sofria de uma doença incurável, que se fosse modalidade olímpica lhe daria ouro: pular cerca. Uma amiga de outra amiga estava a dirigir-lhe olhares travessos há muito tempo, então nessa noite ele ficou de ensinar para a belezoca como se abre a rolha de champanhe, na casa dela. Nem se deu ao trabalho de telefonar para casa, não pretendia entrar noite adentro.

Acordou no outro dia na cama da percanta, com um bafo de bebida que se sentia a mais de légua. Entrou em pânico. Sentou na beira da cama. E agora, o que vou dizer em casa? Matutou, matutou, e fiat lux!

Pegou seu flamante Corcel II e se mandou para São Leopoldo. Estacionou defronte a uma praça, sol a pino, sentou num banco e esperou passar um casal bem-vestido e com cara de gente séria. Quando o casal passou na frente dele, ele fez uma cara de quem estava muito confuso e disparou:

– Onde estou, meu Deus, onde estou? Como é meu nome, alguém sabe quem eu sou?

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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