A requisição do Carrazoni
O Adão Carrazzoni, que hoje está na Eterna Redação, era um sujeito calmo e tranquilo, mas nem por isso dava mole, na velha Zero Hora do início dos anos 1970. Uma testa franzida do velho Carraza intimidava os novatos e constrangia os veteranos, principalmente quando o repórter não reportava e se metia a fazer tese, como é comum hoje. Eles socam a pauta numa forma e, quando os fatos não cabem nesta forma, os fatos é que estão errados.
O velho e bom Carrazzoni. Passou por muitas redações em todo o país e foi o único cara que conheci que desestabilizou a colunista Gilda Marinho. Um dia, cortaram a coluna dela pelo pé, como se diz no jargão da redação, porque ela escreveu demais. Furiosa com o sacrilégio, plantou-se na frente do Adão e o encheu de desaforos, e aos berros. E ele só olhando com aquela cara indecifrável. Quando ela tomou ar, ele falou uma única palavra que o bom gosto não me permite transcrever. Quase deu uma síncope na senhora em questão.
A forma com que os repórteres pediam a ele a requisição para um carro que os levaria à pauta virou padrão de comunicação que nem o twitter hoje é capaz.
– Carraza, dá a requisa da conduça?