A quase-morte do Barão

18 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em A quase-morte do Barão

Todo mundo já ouviu falar em saia justa, mas saia justíssima como o Barão enfrentou no bar do Juvenal ninguém enfrentou. Estava o Barão posto em sossego e bebericando seu uísque no reduzido templo de libação da Cidade Baixa, quando entrou uma mulher conhecida de todos. Esbaforida, contou que o maridão estava no seu encalço, coisa nada anormal naquele casal. Ciumento, ele via guampa até em cabeça de cavalo.

– O que faço agora, meu Deus. Ele vai me dar uma surra!

O que ela faria era coisa que não interessava ao Barão, que fugia de uma confusão igual ao capeta da água benta pelo próprio Papa. Testemunha de vários entreveros da dupla, escafedeu-se para o minúsculo banheiro. Daqui não saio, daqui ninguém me tira, pensou, segurando o trinco. Alguns segundos depois, sentiu um empurrão na porta e a mulher entrou, em pânico, tremendo como vara verde. Não cabia mais nem um fio de cabelo no espaço.

O Barão sentiu que a coisa não ia terminar bem. Mas não mesmo. Seus piores medos se concretizaram, mesmo que ninguém do bar dedurasse o ciumento daria uma geral até dentro da geladeira. Um novo empurrão na porta, que mal e mal deixava passar um micróbio, e lá estava o marido olhando para os dois praticamente abraçados.

Foram os famosos segundos que pareciam uma eternidade, aquela estranha situação que remetia à uma rapidinha. Deus protege os bêbados, pensou o Barão já no terceiro uísque e se encaminhando para o quarto quando se deu o furdunço. Por algum milagre, ou porque o ciumento conhecia o Barão, um ex-atleta sexual, ficou tudo por isso mesmo. Ele pegou a mulher pelo braço e foram embora na mais santa paz.

Durante anos. o Barão tremia quando recontava o causo, repetindo que quase morreu. Conversa. Ficou apenas o estresse pós-traumático, que nem foi tão traumático assim desde que não se esteja na pele dele.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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