A primeira pizzaria
Na Porto Alegre dos anos 1960, pizzaria era um luxo. Aqui e acolá alguns restaurantes ofereciam pizza, mas como opção. Pizzaria mesmo foi a El Molino, na Cristóvão Colombo logo após a Ramiro Barcelos, sentido Centro-Bairro. Havia um espaço coberto e outro ao ar livre, sob um frondoso caramanchão. Eu era freguês assíduo desde que meu dinheiro desse, e isso significava não mais que duas vezes ao mês, Sim, comer fora não era barato, podem crer.
Não havia muitas variedades. Uma só de queijo, outra queijo e presunto e uma terceira com salame italiano, se não me falha a memória.Era oferecida em dois tamanhos, uma grandalhona tipo família e uma média. E pasmem: elas levavam orégano! Todas elas tinham orégano!
Também havia um diferencial em comparação com as de hoje, o molho. Entre a massa e as camadas de queijo e presunto, no meu caso, um molho espetacular. Dizem que não se bota molho em pizza, mas quem a paga sou eu e boto nela o que eu quiser. Vai comer pastel de bergamota com pinhão, vai.
Se o distinto freguês achasse pouco, uma garrafa de Pepsi-Cola cheia desse molho era salpicada através de uma rolha furada. E também tinha orégano. Nossa Senhora das Massas dos Fornos. Ficava uma delícia. Não havia tele-entrega naqueles tempos, óbvio, então tinha que comer tudo ou deixar os restos. A cultura não contemplava levar a comida que não se comia para casa, não senhores. Os donos ficavam brabos pela simples consulta.
Hoje tudo mudou, inclusive a pizza. Em alguns casos, para pior.