A piada do Mercosul

9 nov • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em A piada do Mercosul

Como hoje é sexta-feira, vamos falar de comida. E importações. E de coisas fúnebres em primeiro lugar, com epicentro nessa piada que é o Mercosul.

Sempre achei que o Mercosul era um banquete de mendigos. Uma coisa que nunca foi um mercado comum, como era a intenção primária. Olha que eu ia seguidamente para a Fronteira Oeste e de lá para Libres almoçar no El Mesón e, bem, peraí, eu estava falando no Mercosul. Olhe a notícia abaixo tirada do El Pais, de Montevidéu:

Fin de la industria de los ataúdes

Fabricar ataúdes dejó de ser negocio en Uruguay. Algunos de los últimos artesanos especializados perdieron sus empleos. Fabián Thomas es uno de ellos y asegura que desde hace dos años todos los cajones que hay en el mercado uruguayo son importados desde Brasil, donde son más baratos.

Qualidade

Morou, Moraes? Fabricar caixões no Uruguai está pela hora da morte e os vivos brasileiros se aproveitam do câmbio para vender ataúdes mais baratos, e provavelmente de qualidade baixa. Somos os tais nestas coisas de qualidade, se é que me entendem. Bueno. Acho que é uma das poucas coisas que conseguimos vender para os uruguaios, a não ser produção industrial, carros, móveis, siderurgia etc. Mas produtos de consumo, só de defuntos.

Alimentícios

Tanto em Libres, no lado argentino, Uruguaiana, quanto em Artigas, Uruguai, do lado de lá de Quaraí, existem bons produtos alimentícios, especialmente queijos, embutidos e carnes mais o inevitável dulce de leche, mas sempre havia um problema sanitário colocado – por que não estou surpreso? – pelas autoridades brasileiras. Conversa. Era para manter reserva de mercado para nossos produtos.

Embutidos

Pior é na Argentina. Primeiro, uma dica: se vocês acham o Dulce de leche uruguaio bom, não batam o martelo antes de provar o argentino. Para mim, é até superior. Lembro de um chamado La Casa Negra, fenomenal. Voltando à vaca fria, os embutidos são maravilhosos. Não sei se conhecem o presunto (pernil) Pata Negra, encontrável nas boas casas do ramo de Porto Alegre. É um porco engordado com um tipo especial de nozes e raízes pelos portugueses e processado pelos espanhóis por anos, uma década até. O preço depende da qualidade e tempo de maturação, mas pode passar dos US$ 1 mil.

Comum

O ponto é o seguinte. Logo depois do Plano Real o Uruguai nos vendia os queijos Conaprole, sendo que o do tipo Cremoso dava de relho nos nossos. Depois sumiu das prateleiras, e quando vinha era o comum, não o cremoso. Então me digam cá uma coisa: qual o sentido se chamar de mercado comum um acordo em que nós não podemos comprar produtos dos Hermanos e os uruguaios só podem comprar caixões de nós? Sai dessa, malandro.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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