A noite em que virei dois (primeira parte)

19 nov • A Vida como ela foiNenhum comentário em A noite em que virei dois (primeira parte)

IMG-20191118-WA0032Com muita tristeza, soube que meu amigo e colega Jorge Olavo de Carvalho Leite, 79, se foi para as Eternas Redações. Além da amizade que permaneceu até seu fim, devo a ele incontáveis gentilezas quando minha mãe precisou se internar no Hospital Conceição, do qual ele era assessor de imprensa nos anos 1980. Trabalhamos juntos na noite e madrugada da Reportagem Policial em 1968 e 1969, nos tempos do jornalismo heroico, com meia dúzia de telefones públicos na cidade e sem essa moleza de ter rádio sintonizado na frequência da Brigada Militar e da Polícia Civil, não senhores, era pau-pau. Ele na Folha da Tarde e eu na Zero Hora, quando o dono ainda era o Ary de Carvalho, grande figura e grande dono de jornal.  A ZH era o celeiro que abstecia as redações dos grandes jornais e revistas do Brasil. Hoje, fim de papo.

Só não foi adiante porque faltava-lhe o vil metal. Os irmãos Sirotsky compraram a ZH em dezembro de 1969 e a assumiram oficialmente em março de 1970. Tanto o Maurício quanto o Jayme eram do ramo. A Caldas Júnior já estava chegando ao fim e só Breno Caldas não sabia, o que não deslustra sua grandeza. Era um gentleman, sem dúvida.

O Jorge Olavo levava vantagem porque a FT fechava a edição às 8h30min da manhã. Já eu tinha um espaço pequeno para notícias de última hora na página 2, o Plantão ZH. Eu podia substituir notas até a 1h30min da madrugada; se levasse furo, eu levava gancho; o JO tinha a cobri-lo quem entrava cedo na manhã seguinte. Tem que levar em conta que a redação da Zero era na rua 7 de Setembro e a oficina na rua Luiz Afonso. Era uma correria só com poucas Rural Willys do jornal com limite de velocidade de 60 Km/h marcada pelo tacógrafo. Rapaz, era um estresse só, mas eu era feliz.  Quando saí da madrugada para cobrir a noite das 18h à meia-noite foi uma alforria, mas sempre tinha aquela espada de Dâmocles do furo.

Amanhã conto o final do causo.

Leia mais: clicando aqui.

 

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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