A noite dos saltos dos peixes (final)
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Pedi o fotógrafo, a viatura e fomos até o lugar da pescaria. No caminho, achei que era coisa de bêbado, mas nunca se sabe. Quando chegamos a uma quadra da São Pedro vi a água cobrindo o leito, estava a quase meio metro de altura dos prédios. Essa não. Não é que o cara estava falando a verdade?
Não demorou e apareceu um sujeito na caminhonete com a logomarca do jornal na porta dizendo que foi ele quem tinha ligado. E assim que meus olhos se acostumaram à escuridão, vi peixes bem pequenos e espinhentos saltando adoidado. Pelo que o sujeito falou, era manduim ou mandim, não recordo bem. Em 20 minutos, a água na avenida começou a esvaziar
A explicação da enchente: uma enorme tubulação que levava água para a Hidráulica São João estourou justamente na São Pedro. Por algum motivo, na boca da captação. Presumivelmente, a tela que impedia a entrada de detritos e peixes abriu parcialmente, e então entrou esse diabo de peixe. A última pergunta que fiz para o popular que ligou para o jornal foi o que ele faria com baldes e mais baldes cheios desse peixinho espinhento e se eviscerado fosse daria apenas algumas gramas de proteína.
– Sabe que eu não sei?
Mais uma prova que, sendo de graça, gaúcho leva até injeção na testa. Coisa de louco. Frutos do rio numa avenida longe do rio.