A morte pela cura

26 mar • A Vida como ela foiNenhum comentário em A morte pela cura

Quando eu era menino, o temor dos médicos se resumia à varíola, essa, sim, uma assassina, sarampo e tuberculose. Havia ainda a escarlatina, doença que deixava você com cor de vestido de cardeal em dia de missa dominical.

Que eu lembre só essas. Também havia a coqueluche. que causava tosse ininterrupta nas crianças. Como não havia vacina e medicamento específico, o remédio era respeitar. Só que não contavam com a astúcia da FAB.

O micro-organismo responsável pela tosse era muito sensível à altitude e variação brusca dela. Então nossa querida Força Aérea Brasileira lotava aviões com crianças e subia até 3 mil metros.

A maioria ficava curada. O problema é que havia muita criança e pouco avião. Perdi minha chance de voar de graça, ainda mais que morava a 100km de Porto Alegre.

Um detalhe final. Olhem nos braços dos idosos, quase todos têm cicatrizes da vacina. Não se aplicavam injeções. As enfermeiras raspavam a pele com um pequeno frasco aberto numa extremidade. A borda áspera de vidro facilitava a penetração na pele. Coçava pra caramba e infeccionava, às vezes, seriamente. Dá para dizer que quase se morria da cura.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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