A morte inglória de um planador
Publiquei ontem, na página 3 do Jornal do Comércio, esta foto do barco-anfíbio que o engenheiro agrônomo Telmo Flores de Siqueira botou nas águas do Rio Caí, em Montenegro, 1984. Agora, ele quer construir um protótipo mais avançado, mas precisa de financiamento. Se alguém se habilitar, os telefones dele são (51) 3273-2743 ou 9104-3845.
Mas o caso aqui é outro. O Telmo, certa vez, construiu um planador que foi abatido em pleno voo. Por uma pedestre! Deu-se assim. Eu era guri e estava com amigos, em Montenegro, quando o Siqueira pediu ajuda para transportar um planador desmontado para o alto da rua Cel Antônio Inácio. Arrastamos laboriosamente as peças de um planador rudimentar feito por ele e assistimos sua montagem no leito da rua, antes de um lançante.
Isso feito, o Telmo ficou no meio – não tinha assento, era oco, as pernas dele eram o trem de aterrissagem. Era feito de pano que envolvia o esqueleto de ripas de madeira. Parecia uma múmia aérea. Nós nos entreolhamos, não tinha pinta de voar, mas o piloto-construtor disse que tinha, e pediu pra gente empurrar o troço lomba abaixo para adquirir velocidade. Quando estávamos no meio da lomba, uma mulher saiu do portão da casa justo quando a asa estava passando pela calçada. Fez ploft!
Ela nada sofreu, mas o planador implodiu. Para falar a verdade, foi o mesmo que jogar uma pedra num avião feito de Lego. Coitado, morreu antes do primeiro voo. Se ainda fosse por um caça, mas ser derrubado por uma mulher antes de alçar voo é ultrajante.
Pior que isso foi um helicóptero Esquilo do Governo do Estado do RS que foi abatido por um cachorro em Mostardas. Isso mesmo. O ex-deputado Germano Bonow estava a bordo. Mas essa eu conto amanhã.