A mistura do Blanquito
Comentei na página 3 do Jornal do Comércio que 31 pesquisas feitas mostraram que a propalada vitamina C não previve gripe coisa nenhuma, no máximo diminui o tempo dos sintomas. O autor da tese de que a ingestão de mil gramas/dia desta vitamina evitava a gripe foi o Prêmio Nobel (duas vezes) Linus Pauling, nos anos 1950/60.
O leitor Clovis Pinzon Röde teceu um comentário bem-humorado contando que ouviu em um bolicho de Tapes um nonagenário que vitamina C só funciona se for juntada com canha pura de alambique. No Interior, é famoso mas já foi muito mais o aperitivo chamado de limãozinho, o nome já diz o que é. Em Montenegro dos anos 1960 havia o aperitivo Três Marias, cachaça da marca Flor da Macega, um tiquinho de vermute doce e suco de limão. Os puristas só ingeriam canha pura, no verão pra refrescar e no inverno para esquentar.
Esse universo das misturas é vasto. No Bar Styllo, na esquina da Independência com a rua Garibaldi, Porto Alegre, hoje uma Panvel, o garçom Blanco preparava uma que tomou emprestado o nome de um digestivo, o Negroni, acrescido de uma babel de destilados e infusões servidos em copo de chope com gelo. Mas era um pialo, Nossa Senhora, nunca se criou bebida tão forte
Do que exatamente era feita a mistureba do Blanquito não se sabe. Mas uma coisa era certa: nunca alguém bebeu todo o copo antes de desmaiar e cair durinho cheio de mosca.