A missa do galeto
O Papai Noel é uma invenção do comércio. Nas colônias alemãs, quem dava presentes era São Nicolau, e era festejado antes do dia 25. Ganhávamos dele pães de mel, marzipan (que era chamada de maçapão naqueles tempos) e outras doçuras. O pinheiro de Natal nunca era de plástico. As bolas nele penduradas tinham que durar anos e anos, mas era inevitável que esse delicado ornamento quebrasse ao ser retirado ou recolocado nas caixas.
Já adolescente eu gostava de ver a fabricação das bolas, especialmente a parte em que eram salpicados com vidro moído acrescido de algum corante. O bonito dos natais era ouvir e cantar Noite Feliz. Felizmente, Simone não era nascida naquele tempo. Além dos presentes, colocados pelos pais no pinheiro com presépio após a obrigatória Missa do Galo, à meia-noite do dia 24 para 25, não dormíamos de tanta excitação. Aliás, nem na noite seguinte, pelo mesmo motivo.
Meus carrinhos de brinquedo eram toscos, alguns de madeira. Mas a imaginação os transformava em caminhões ou automóveis Ford, Chevrolet ou Dodge. Um amigo do meu irmão Werner tinha três cachorros a quem deu o nome das montadoras. Eu gostava mais do Ford, meu carro preferido.
Sabem quando o Natal começou a morrer? Quando a Missa do Galo passou a ser rezada às 20h por motivos de segurança. Deveriam renomeá-la de Missa do Galeto. Morreu o Natal. E nós morremos um pouquinho com ele.