A luz de Balzac
Sabem a expressão popular “melhor ouvir isso do que ser surdo”? Contam que o escritor colombiano Gabriel Garcia Marques estava a escrever um dos seus tantos admiráveis livros quando faltou energia na cidade, o que o chateou muito. Quando a luz voltou, ele ligou para o alcaide queixando-se que, sem luz, ele não podia escrever.
– O Balzac escrevia melhor que você naquele tempo e nem tinha luz elétrica – ironizou o prefeito.
O jeito foi levar na esportiva. Em casos assim recomenda-se prudência, porque sempre se corre o risco de aparecer um gatilho mais rápido. Caso de uma velhinha que foi pagar a conta vencida de água nos Altos do Mercado Público de Porto Alegre. Quando chegou sua vez, ela reclamou como podia o DMAE cobrar por algo que Deus dava de graça. O atendente atirou de volta.
– Até dá, mas não em torneira, minha senhora.
Também teve o caso de um grande empresário do ramo de utensílios de cozinha que comprou uma cara caminhonete importada, dessas cheias de mimimi. Quando chegou em casa, ligou para o vendedor reclamando que o veículo fora entregue só com metade de gasolina no tanque. O sujeito nem piscou.
– Olha, eu também acabei de comprar um kit completo de churrasco da sua empresa e não veio picanha de brinde.
Como disse aí em cima, melhor ouvir isso que ser surdo.