A loira do Chevette
Tem o caso de um garanhão porto-alegrense e da loira, ocorrido no antigo bar do Hotel Plaza Porto Alegre, o Plazinha. Mas nem só de loiras mulheres, há casos. Em meados dos anos 70, quando os travestis começaram a atuar nas ruas da capital, havia um famoso que ficava no entorno da praça Otávio Rocha. Buscava clientes com um Chevette, principalmente à noite.
Visualmente falando, dava uma boa enganada, mas só à primeira vista. Três segundos bastavam para se ter certeza de que era um homem. Na época, os jornais se escandalizavam com esta invasão e os “malefícios” que causavam à tradicional família pampeana. E dê-lhe editorial e matéria denunciando a sem-vergonhice.
Menos na falecida Folha da Manhã, que achava um direito de travesti se virar, igual a prostituta. Daí que a loira do Chevette ficou amiga do pessoal da redação da Folhinha. Como sabia poucas e boas do que acontecia na noite e nas delegacias, virou fonte preciosa de informações.
– Vocês não se enganem – dizia para a turma – a maioria dos clientes que me procuram não é para que eu desempenhe o papel de mulher. Mas de homem mesmo.
Isso acontece ainda hoje. Vide a rua São Carlos, paralela à avenida Farrapos. É incrível que cidadãos respeitáveis parem e façam programa com os travestis. Alguns em petição de miséria. E drogados. Pelo visto, e os depoimentos das loiras ou morenas – com ou sem Chevette – abundam: o lado feminino dos gaúchos é muito forte.
Sobretudo depois de umas biritas. Aí sempre cabe a desculpa “eu estava bêbado, me enganei”. Conversa.