A lenda do cérebro derretido
Pois agora a gauchada intrépida deu para desconfiar daquelas pistolinhas ou totens que medem a temperatura, que derreteriam o miolo pensante e não-pensante. Algum gaiato espalhou que raios infravermelhos destroem a glândula pineal, responsável pela produção de hormônios. A Anvisa já avisou que infravermelho não emite radiação.
Sacanagem bem urdida, porque a plebe ignara ouve falar em hormônio e logo pensa que é o que broxa ou não broxa. Coincidentemente, ontem de manhã a fila do medidor automático que mede a temperatura pela testa era menor do que a do totem que o mede pelo pulso.
VOCAÇÃO PARA A CREDULIDADE
Nas faculdades de sociologia dos Estados Unidos, há uma cadeira para as lendas urbanas. Não duvido que, lá e cá, muitos professores de lendas urbanas acreditam nelas. Se alguém espalhar que melancia causa coceira no fiofó não faltará quem acredite. E até a sinta.
NO INTERIOR, A SALVAÇÃO
Uma cidade é mais civilizada na proporção direta do seu tamanho e população. Quanto maior, maior a bronca. Já citei aqui um conceito urbanístico europeu que uma cidade só é administrável até 600 mil habitantes.
NA CAPITAL, A CONDENAÇÃO
Vejam o caso de Porto Alegre, ressalvando que isso vem há anos, de prefeito em prefeito nas sucessivas administrações. Olhem a esculhambação em que vivemos. Não tem nem nunca terá jeito. Pode piorar ou deixar de ser menos ruim, mas a metástase liquidou com o que já foi uma bela cidade. Não tem volta.
O BEM QUE VIRA MAL
Certa vez, encontrei um colega de colégio sobraçando um grosso volume. Rumava para o Palácio Piratini. Era secretário de pequena e bela cidade do Vale do Caí. Perguntei onde levava a biblioteca. Respondeu que lutava por asfalto na entrada da cidadezinha. Eu pensei e disse.
– Primeiro vocês pedem asfalto, depois pedem quebra-mola.
O COICE DO PORCO
É engraçado. Teremos um feriadão a partir de hoje e ninguém fez matéria sobre opções de viagem, a tradicional escolha gaúcha entre a Serra e Litoral. No hay plata. Nem muito entusiasmo. O dinheiro anda mais curto do que coice de porco.