A involução

25 abr • A Vida como ela foiNenhum comentário em A involução

Os merchandisings nos programas de TV estão cada vez mais salientes e apresentados de forma absolutamente sem pejo, sem vergonha. Ao contrário do cinemão de Hollywood, que primava pela descrição ao enaltecer os produtos, na TV esse tipo de publicidade discreta se tornou mais escrachada que biografia de artista.

No domingo passado, vi o Faustão mostrar na fuça da câmara um tal de Vanish, que imagino ser produto de limpeza. Fê-lo com tal acinte que a discrição subliminar do merchandising clássico daria voltinhas na sepultura. Inclusive duvido da eficácia dele, embora hoje a quantidade de macacos venha aumentando como nunca.

Lembrei de um filme do cantor Vitor Mateus Teixeira dos anos 1970. Em um dos filmes, ele viaja sozinho para Torres a bordo do seu Ford Landau para se recuperar do que hoje chamamos estresse. De repente, Teixeirinha saca uma carteira de cigarros da marca Hollywood do bolso do paletó e a mostra ostensiva e demoradamente para a câmara, um close de um prédio. Ri muito da cena – os filmes do artista eram tão bons que eram bons, se vocês me entendem.

Pois o Faustão foi muito mais escrachado do que o Teixeirinha, e olha o tempo decorrido entre os dois. É a famosa involução.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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