A insônia japonesa

8 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em A insônia japonesa

Quem tem insônia ou dificuldades para dormir ouve rádio, ou faz palavras cruzadas. Tem gente que pega no sono com o monólogo da mulher deitada ao seu lado. Só exige um treinamento, o de dizer “hmm” de vez em quando. Isso é programável. Falando por mim, a televisão é o maior sonífero que existe. O problema é que, nesta minha profissão, você é treinado para ver e captar palavras-chave, que imediatamente o deixam esperto.

Digamos que eu sou um ótimo cão treinado por Pavlov, ou como um dos tantos software de filtros de palavras-chave ou padrões de fluxo, e até da falta dele. Então eu vivia acordando bem na hora que começa aquele estágio do soninho gostoso. Falei no tempo passado porque hoje nem durmo mais, desmaio.

Voltando à vaca fria. Logo que surgiu a TV por assinatura, e descontando programas que realmente eu gostava e gosto de ver, eu a deixava sintonizada no canal de notícias japonês NHK. É difícil entender qualquer coisa dos nipônicos, então aquele rosário de palavras monocórdicas e ininteligíveis me conduziam rapidamente para os braços de Morfeu.

Até o dia em que meu software começou a ficar alerta até para japonês. Deu-se assim: meu quase-sono fluía calmo e sereno quando aconteceu o desastre. Uma só palavra dita pelo apresentador destruiu meu dormir.

– …Brasil…

Desde aquele tempo não consigo mais adormecer quando sintonizo no NHK.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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