A imobilidade da morte
Nos tempos em que a televisão ainda não tinha a mobilidade de hoje, o rádio marcava presença constante no que se passava nas ruas da cidade. E também fazia promoções para envolver a comunidade de preferência com patrocínios de empresas com foco na casa e na cozinha. Um deles era o “Feijão Alfredinho vai à sua casa”, da Rádio Farroupilha – a marca existe até hoje.
O âncora era o radialista Rubens Pinto, que fazia às visitas que o nome do programa já esclarece usando o vozeirão em altos decibéis como era costume. A emissora pertencia ao poderoso grupo Diários e Emissoras Associadas, e ostentava orgulhosa o prefixo PRH 2.
Numa dessas incursões a residências sorteadas, vede de manhã a viatura da Farroupilha passou pela esquina da Venâncio Aires com Lima e Silva. Um grave acidente terminou com um pedestre morto, caído na rua. Pinto então narrou o acontecido com riqueza de dados e testemunhais.
De tarde, Rubens passou pelo mesmo local e o falecido ainda estava caído de bruços na rua. Então Rubens Pinto empostou a voz revestida de gravidade que a sofisticação exigia e contou o causo como o causo foi. E finalizou:
– E lá estava o cadáver, imóvel.