A história de Ico
O operoso jornalista Vilson Winkler, da prefeitura de Porto Mauá, divisa com a Argentina, vai muito além do dever e cobre toda a região. Sempre rende casos curiosos e não raro, comoventes. E desta vez, ele reserva uma surpresa no final do caso do periquito Ico e da sua dona, dona Eva Leite Martins, de Santa Rosa.
Em 2014, ela adotou Ico, e a ave logo se mostrou com comportamento de criança, pois assim fora educado. Não comia comida de periquito, mas queria sempre sopa no prato fundo, café e leite frio, chá, sorvetes, ovo cozido, arroz, além de frutas e hortaliças como pepino, seu preferido. “Brinca com brinquedos de criança”, narra Winkler, e quando estava com fome repetia a expressão “kiki”, comida em língua de periquito.
“Em fevereiro de 2016, passou a fechar as laterais da sua gaiola com fios de vassoura de palha, cortando e trançando fio por fio, escolhidos por ele. Quando alguém pedia seu pé ele repetia “é da vovó”. Quando dona Eva saía a passeio, Ico logo pedia “pá casa, pá casa”. No dia 4 de dezembro do ano passado, a tragédia. A ave foi atacada de surpresa por um lagarto, dentro da própria residência. Para entrar na casa, o réptil subiu degraus, o ataque foi em frações de segundos, a vó ainda socorreu a ave e matou o réptil a marteladas. Mas já era tarde, Ico morreu 13 dias depois.
A surpresa que me referi no início é que o jornalista Vilson Winkler sabia dessa história e dos detalhes desde 2014, mas nunca publicou nada por um simples, singelo, e comovente motivo: para preservar a ave e a dona Eva, “pois provavelmente seria recolhida pelo Ibama e passaria a viver engaiolado, longe da avó.”
Fotos: Vilson Winkler