A galinha que bebia cerveja

13 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em A galinha que bebia cerveja

Nunca mais teremos uma galinha Pasionaria, uma comunista espanhola que virou ícone na esquerda brasileira. Em espanhol era com um “s”, na versão português era com dois. Minúcias. Pois a Passionária bebia cerveja a metro, e não é força de expressão. Foi nos anos 1960.

O causo se deu quando uma roda da qual fazia parte o jornalista Cói Lopes de Almeida e um cara apelidado de Moicano. Eles frequentavam o bar-chope Urbano’s, no bairro Auxiliadora. A galinha era de estimação, saía do pequeno quintal do estabelecimento.

Certo dia, alguém pegou-a no colo e botou um copo com cerveja na frente dela. Ela bicou, foi bebendo, bebendo e, alguns meses depois, era atração e notícia de jornal. Para que pudesse ser admirada pelos fregueses, colocavam-na em cima da mesa e derramavam a ceva na madeira. Daí sua reputação que ela bebia pra mais de metro.

Obviamente, ela evoluiu para o alcoolismo. Sem o precioso líquido, a Passionária se portava de forma estranha. Delirium tremens, suponho. Pelo que o Cói me falou, ela morreu de cirrose. Já nem comia mais, a coitadinha. Um galináceo dependente químico, vê se pode.

É para ver como o alcoolismo é democrático. Pega pobres, ricos, idosos, jovens, homens, mulheres. E até galinhas.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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