A falta que eles fazem
Faltam-nos empresários, empreendedores de longo curso. É uma grave deficiência brasileira. É uma constatação. Em qualidade e quantidade, exceções à parte, como sempre. E já os tivemos em ambos os quesitos. Guardadas as proporções, como o número de habitantes do RS e do Brasil, começamos bem. Olhe os pioneiros industriais gaúchos, gente que via longe também na área comercial. Nós tivemos os quatro Jacós e o mais notável deles foi A.J.Renner. No Google, você fica sabendo porque o cito.
Empresário que depende do governo não é empresário, é um apêndice. Basta ver as empresas e seus donos da Lava Jato, mas não só dela. Nos anos 1970, quando editava economia na ZH, já tinha cristalizado essa opinião. O que aconteceu no Sistema Financeiro da Habitação foi um negócio, e sei porque fui executivo (menor) de uma empresa de crédito imobiliário.
Para não dizer que é tudo um deserto nesta área, em verdade vos digo, quem toca o Brasil hoje é o interior, empresas e empresários fora das capitais. As capitais são gigolôs do interior, geralmente com parcela considerável formadas por funcionários públicos dos três níveis de governo, estatais ou autarquias, aposentados ou pensionistas. Há sete ou oito anos, o Sindilojas Porto Alegre estimou em 56% o porcentual da população da área pública descrita acima.
Pelo que sei, o porcentual até pode ter crescido. Perguntei para o presidente da entidade na época, Vilson Noer. O estudo levou um ano para ser terminado. Mas este já é outro papo. O fulcro deste comentário é a falta de empresários aqui e acolá nos tempos que correm.
Certa vez, perguntaram para o banqueiro e deputado federal mineiro Magalhães Pinto porque o Rio Grande do Sul não tinha mais bancos privados de expressão nacional. Temo, disse ele, que vocês não tenham mais banqueiros, só bancários.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
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