A falta que ela faz

3 jan • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em A falta que ela faz

Gramado está sem água. A estatal de água e esgoto Corsan não dá conta. Precisa mandar caminhões-pipa para Três Coroas, algumas dezenas de Km mais abaixo, para trazer 1,5 milhão de litros por dia. A região toda, Gramado e Canela, ressente-se de rios com volume de água suficiente. Três Coroas ainda tem o Rio Paranhana, mas também a busca em outras fontes. Literalmente.

Imagem: Freepik

O FUNDO DO POÇO…

O complexo industrial da Cooperativa Piá, em Nova Petrópolis, meio caminho entre as duas cidades referidas, busca água a mais de 1 km de profundidade, no Aquífero Guarani. A Schincariol faz o mesmo, só não dizem a profundidade. O Aquífero sempre iludiu os gaúchos. Como fanfarronice, repete-se que é a maior reserva de água potável do mundo.

…É POÇO SEM FUNDO

Nem tão potável, nem reserva, nem do mundo. Ele começa na Argentina, passa por Uruguaiana, Alegrete, costeia a Campanha e depois toma tenência no Vale do Paranhana e vai até a Bahia. Em Alegrete, perfurações feitas ao longo de todo o século passado mostraram que boa parte é de água salobra. Sou testemunha. Além disso, na altura do Deserto de São João, no Alegrete, quase aflora. Além disso, o uso para lavouras em toda a região e poços feitos já pelos índios o contaminaram.

COWBOIS SAUDITAS

Puro e intocado mesmo só de Santa Catarina para cima, onde o Aquífero é protegido por camadas de rochas de centenas de metros de espessura. Nem do mundo. Sem falar na Europa, o deserto do Saara esconde um aquífero pelo menos três vezes maior, a 4 mil metros de profundidade. O custo da extração é caro, por isso apenas algumas regiões a buscam. Caso da Arábia Saudita, onde existem fazendas de gado com pasto abundante porque irrigados com essa reserva. Tem até cowboys imitando os americanos.

DESPAUTÉRIOS OFICIAIS

Algumas expressões oficiais parecem ter sido criadas (e copiadas) para confundir o leitor. Por exemplo, uma de ontem: o Rio Grande do Sul recebeu R$ 217 milhões “da cessão onerosa” do pré-sal. Onerou quem, cara-pálida? Pelo que sei das burras estaduais, numa pindaíba de dar dó em mendigo deitado na calçada, foi um baita de um presente, isso sim.

PENSAMENTO DO DIAS

Nestes tempos bicudos, o vivente tem que se virar mais que minhoca em terra quente.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »