A F1 egípcia

12 fev • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em A F1 egípcia

As bigas egípcias levavam 6,50 segundos para percorrer 50 metros, atingindo 30 km/h no final do percurso. Teoricamente, levariam 12 segundos ou poucos mais para percorrer 100 metros. É um pouco mais que levaria hoje um carro 1.0 para ir de 0 a 100 Km/h. Puxadas por dois cavalos, as bigas levavam um “piloto” e um arqueiro. A engenhosidade dos egípcios criou uma solução caso um cavalo fosse atingido. Arreios eram dispostos de tal forma que bastava um puxão para o lado para soltá-lo do carro. Equipes entravam em ação para substituir o cavalo morto em tempo. Como hoje, na troca de pneus na F1.

AS AZEITONAS

Os anacoretas, monges que viviam no deserto do Sinai, nos primórdios do cristianismo, comiam apenas três azeitonas por dia. Por que não duas ou quatro? Porque duas seria gabolice e quatro seriam desperdício.

O MENSAGEIRO, ONDE ESTÁ O MENSAGEIRO?

Por que estou falando dessas coisas? Porque, neste verão, parece que deram Mandrake. Tirando o rescaldo do corononavírus e a megatempestade na Europa, mal coberta por sinal, nada acontece. Até a cobertura do Oscar foi pífia. Mas atenção: notícia tem, falta é gente para buscá-la. Essa deficiência na geração de conteúdo informativo e até mesmo acompanhamento do que passa nos rincões daqui e de lá tem a ver com o enxugamento das redações. Nos últimos anos, a falta de verba publicitária aliada à leitura cada vez menor levou os jornalões a demitir justamente os mais experientes e com salário maior. Ou seja, não estamos comendo três azeitonas por dia como os anacoretas, duas e olhe lá.

QUERIDA, ENCOLHI AS NOTÍCIAS

Na TV acontece a mesma coisa. Mesmo a poderosa Rede Globo passou a economizar em coberturas externas. Em 2019, Galvão Bueno & Cia narravam pelo tubo as corridas de F1. O que sobrou nas redações de todas as plataformas foram os mais novos, portanto inexperientes. Mesmo cargos de chefia não são do ramo. Vejam a cobertura das primários democratas nos EUA. Se não vier pelas agências, não tem como escrever sobre o que não se conhece. Faço um parêntese para elogiar o Rodrigo Lopes de ZH. Esse é craque..

De uma forma geral, a imprensa brasileira – agora falo só dos jornais e revistas – está metida em areia movediça. Precisa aumentar a leitura e número de assinantes,  mas oferece um conteúdo pobre, pelo menos em comparação com décadas anteriores, quando os jornalões se davam ao luxo de ter um correspondente nas principais capitais do mundo. Lembro da Folha de S. Paulo, com Paulo Francis em NY, Clóvis Rossi em Buenos Aires, Osvaldo Peralva em Tóquio e por aí vai.

Como as carruagens de guerra ou bigas egípcias, substituímos cavalos experientes – mesmo vivos e fortes – por cavalos comuns. Às vezes, pangarés.

ACERTANDO O ALVO

Tiago Porto (2)

A prática do arco e flecha, vinda dos primórdios como atividade de caça, tornou-se o esporte de quase 100 alunos da rede municipal de Cachoeirinha. A garotada, que treina no contraturno da escola, vem acertando o alvo: Tiago Porto (foto), por exemplo, competiu no ano passado no Mundial de Base da World Archery, em Madrid, na Espanha. Esporte olímpico, o tiro de arco conta com alta tecnologia, que emprega materiais compostos e mira, que parece sair de filme de ficção científica. O prefeito Miki Breier aposta no projeto Arco no Futuro, que tem como parceira a Associação Arthemis.

Foto: Luiz Otávio Prates 

PENSAMENTO DO DIAS

E se o Rei Momo renunciasse à realeza como fez o príncipe Harry?

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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