A era dos blindados
Os roubos de cargas de caminhões nas rodovias transformaram-se num pesadelo para motoristas e empresas de carne, que amargam prejuízos anuais da ordem de R$ 1 bilhão, segundo estimativas dos órgãos de segurança. Para estancar a escalada, empresas como a Protege blindam os caminhões. Começou com automóveis e não é de se duvidar que, em breve, os ônibus tenham que ser blindados. Que coisa. O que podemos esperar no futuro imediato?
Tanques de guerra. Tanques individuais, tanques de carga e tanques de passageiros. O Crime S.A. usa cada vez mais armas pesadas, granadas, minas e bazucas. As revendas de automóveis se chamarão revendas de tanques, tanque SUV, sedã, cupê. Haverá sensores, câmaras de ré, lagartas de perfil baixo para os modelos esportivos. Para quem não pode pagar um top de linha, motor 1.0, sem direção hidráulica, e carroceria blindada só com latinhas de cerveja recicladas. Quanto mais blindagem, mais caro custará. O modelo mais avançado conterá um míssil Tomahawk.
Só blindados das polícias poderão usar o canhão, o povo que se exploda. Para tirar a CNH, Tanque-Escola. Os deputados farão políticas públicas para o uso de tanques. A esquerda criará o Coletivo do Tanque. Com políticas transversais, evidente. Para as escolas, as atuais vans darão lugar a tanques de transporte escolar.
O IPVA passa para IPVT e será cobrado por tonelagem. O Rio Grande do Sul perderá uma montadora de tanques para Santa Catarina. Unindo o inútil ao desagradável, algum gênio do governo federal criará o programa Meu Tanque, Minha Vida, serve para morar também. De cambulhada virão Tanque Zero, Protanque, Tanque para Todos.