A corrupção pela linguagem
Quando um país se corrompe, começa se corrompendo pela linguagem. A frase de Octavio Paz, Nobel de Literatura de 1990, parece ter sido feita sob medida para o Brasil. A aceitação de erros de ortografia, coesão e coerência nas provas como no Enem, mostra, mais uma vez, como estamos em uma corrida acelerada rumo ao analfabetismo funcional. Em vez de corrigir a mediocridade a premiamos, sob o puído e vasto manto do coitadismo.
Eu vejo isso na minha profissão. É de doer o que leio, o episódio do papelão na carne que o diga. Mas não é exclusividade nossa. Claro que temos uma fatia de gente competente, mas boa parte – reluto em dizer a maior parte – é jogo duro. A tragédia não se resume a escrever errado. A tragédia é que pessoas assim têm baixo estoque de palavras e sem elas não se consegue transmitir ideias, verbalizadas ou escritas.