A corrida

18 set • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em A corrida

Quem disse que a política não atrai mais as gentes se engana. Só Porto Alegre deve ter 800 candidatos a vereador, 200 a mais que em 2016, fora os 13 candidatos a prefeito. É bem verdade que alguns entram na disputa por figuração, outros para botar no currículo, e terceiros para barganhar cargos com seus partidos.

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Por mais que alterem a legislação, nunca teremos uma bancada numericamente representativa dos 1,4 mlhão de habitantes da capital gaúcha. Na atual legislatura, tivemos vereadores com apenas um milhar de votos, graças à legenda.

UM BICHO DE 7 CABEÇAS

Perguntem a qualquer eleitor se ele sabe o que é e como se calcula o quociente eleitoral. Saber já é grande novidade, calculá-lo poucos sabem.

Para obtê-lo, divide-se o número de votos válidos pelo número de cadeiras e chega-se ao quociente eleitoral de xis votos. Este é o número de votos que um partido precisa conquistar para obter uma cadeira. Ou seja, cada partido recebe um número de cadeiras proporcionais ao total de votos recebidos pelos seus candidatos. Ocuparão as cadeiras do partido aqueles candidatos que obtiveram mais votos pelo partido.

Entendeu? Se não, não se preocupe. Não estás sozinho.

AS  LEIS, ORA AS LEIS

O Brasil deve ser o único país do mundo onde uma lei cria automaticamente pelo menos duas dúvidas legais. A lei de proteção de dados permite às empresas compartilhar os mesmos dados que o diploma legal queria impedir. Fica oculto na concordância do consumidor ou cliente para receber e-mails.

Sim, tem a opção de não concordar, mas aí até mesmo seu banco ficará silente. Ou seja, mesmo se for uma informação útil. Quando os arqueólogos do futuro decifrarem o Brasil, chegarão à conclusão que fomos uma nação de 8 ou 80. Eu disse fomos.

LUIZA, A CARTEIRA

Dizem que a Magazine Luiza e a Amazon estão na disputa para comprar os Correios, empresa que já foi uma das três melhores do mundo e hoje é uma caricatura. Não é de rir, mas, chorar.

Tomara que saia negócio. Estou cansado de não receber correspondência.

SENTA LEVANTA

A televisão brasileira completa 70 anos. No Rio Grande do Sul, a TV Piratini foi a pioneira. Televisor era coisa de rico. Pobre não fazia muita questão, porque a imagem era horrorosa e a programação muito pobre. Para a classe média alta, dava status. Era um levantar e sentar na poltrona constante, para acertar a imagem, que não fixava nunca.

A VINGANÇA DA MATÉRIA

O pior era que você fazia os ajustes, esperava um tempo, e quando voltava para a poltrona, a maionese desandava de novo. Essa sacanagem tecnológica durou até os anos 1980, quando apareceu o controle remoto.

A VINGANÇA

Sempre tive a convicção que televisor era um ser vivo de mal com o mundo.

SENTA QUE O LEÃO É MANSO

No início dos anos 1960, a TV Piratini encenou ao vivo um drama bíblico, Andrócoles e o Leão. Este senhor, cristão que era, foi jogado à cova do leão a mando de um César da vida. O animal estava furioso porque havia um espinho na sua pata. Quando ia comer o bauru cristão, o nosso bom homem arrancou o espinho. Agradecido, o animal não o devorou.

No roteiro tudo parecia fácil, mas tiveram que arrumar um leão velho e desdentado de um circo estacionado na cidade. Usaram um fosso, botaram o bicho dentro. Para cobrir o ângulo, o câmera (Odilon?) se aproximou demais e caiu nele. Pânico geral. Felizmente, nada de ruim aconteceu.

HAPPY END

Como eu disse, o leão era velho e desdentado. Queria mais uma sopinha de gente. Mal olhou para o coitado, que tremia como vara verde.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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