A conspiração que não houve
Eleições municipais de 1986. Alceu de Deus Collares, do PDT, liderou as pesquisas para a Prefeitura de Porto Alegre do início ao fim. A vitória era tão certa que, mal as urnas tinham sido abertas, Collares convocou uma coletiva de imprensa com café da manhã no Hotel Everest já na condição de eleito.
Na hora das perguntas, vi o vice Glênio Peres, um dos melhores vereadores que esta cidade já teve, descendo a escada por trás do ungido pelas urnas ainda por abrir. Como o Rio Grande do Sul tem um histórico de briga com vices, levantei a mão.
– Doutor Collares, quais atribuições o senhor vai dar ao vice Glênio Peres?
No PDT, todo mundo é doutor. Sem ver que Glênio estava atrás dele, Collares bateu de bate-pronto.
– Bueno, como diz o doutor Leonel Brizola, tem que arrumar uma coisa para eles, senão ficam conspirando.
Glênio petrificou. Collares não deu nada para seu vice, nem mesmo uma sala. Nem por isso Glênio ficou conspirando.