A cobra
A tentativa de descolamento de Fernando Haddad de Lula lembra um caso ocorrido em 1964. Um ativo integrante do Sindicato dos Ferroviários do Vale do Caí, brizolista de quatro costados, foi detido e interrogado pelos militares. Perguntaram qual era a ligação com Leonel Brizola.
– Nenhuma. Aliás, nem o conheço.
– Como assim “não conheço”? – estranhou o interrogador.
– Estou falando a verdade, não o conheço!
Irritado, o militar mostrou uma foto enorme onde o sindicalista ao lado do ex-governador em um comício. Apontou o dedo para ele.
– E esse quem é?
– Não sei.
– Esse é o Brizola! – vociferou o militar.
– Ah, esse é o famoso Leonel Brizola? Nossa mãe! Fosse uma cobra tinha me mordido!
Quando eu era repórter policial, no final da década de 1960, ainda havia a figura do Flagrante de Adultério, o que era muito raro porque a legislação da época exigia que testemunhas vissem o ato em cima do laço. Contava-se então que a melhor defesa para o Dom Juan era negar o acontecido com a maior veemência possível.
Mais ou menos assim: pego em flagrante, tendo como testemunhas dois PMs, o amante negou o ato sexual com tamanha veemência que o Delegado ficou na dúvida, os PMs ficaram na dúvida, o marido ficou na dúvida, a mulher ficou na dúvida e, ao fim e ao cabo, até o amante se convenceu que dizia a verdade.
« O vinho da pipa F. A. »