A cobra
Conserva tem de tudo quanto é tipo, mas conserva de cobra é muito difícil. Estávamos eu e o meu amigo jornalista Carlos Coelho fazendo as libações de praxe, no Chalé da Praça XV, quando chegou a dupla dinâmica, o ex-prefeito de Porto Alegre Sereno Chaise e o vereador Cleom Guatimozin, ambos do PDT na época. Cleom virou-se para nós.
– Nunca vi disso. Uma conserva de cobra em um boteco da Cidade Baixa, acreditam?
Eu não acreditei.
– Ô vereador, tem certeza?
– Juro. Era de cobra. Só não identifiquei qual a marca.
Depois de um breve interrogatório chegamos à conclusão, Coelho e eu. O que ele viu era uma conserva tradicional que era comum no passado, peixe de escamas em conserva de vinagre em vidro transparente. Só que a cor prateada e a forma de enrolar davam essa impressão para quem não conhecia o rollmops, nome da iguaria. Essa é uma das tantas comidinhas de inspiração alemã que sumiram. Pena. Com pão preto e mostarda era uma delícia.