A caneca da discórdia
Em meados dos anos 1960, a fábrica da Brahma em Porto Alegre marcava o início e fim da jornada com um apito na sua chaminé que era ouvido na maior parte da cidade. Estranhamente, o segundo apito não se dava às 18h, mas às 17h. Tinha a ver com uma pausa que a empresa fazia para dar 20 minutos de descanso aos funcionários que faziam o exame visual das garrafas envasadas com cerveja que saía dos bicos injetores.
A Brahma dava almoço aos seus funcionários, e, nos 20 minutos de descanso, os funcionários recebiam uma caneca de chope para molhar a folga. Sucede que a empresa contratou uma consultoria para reduzir custos e uma das medidas foi terminar com a tal folga, consequentemente com a caneca de chope. O sindicato entrou na Justiça do Trabalho e venceu a causa.
O sindicalista que me contou o caso na época disse que o juiz perguntou se os funcionários queriam os 20 minutos em dinheiro ou redução da jornada. Tanto faz, disseram, desde que a não perdessem a caneca de chope. Por isso, a Brahma foi uma das poucas empresas que serviam almoço e jantar naquela época.
Com direito a uma caneca de chope.