A caixa vazia
Certa vez, recebi um pacote, na redação do JC, no qual havia uma caixa de madeira, na realidade um compensado, do tamanho de uma metade de caixa de sapato, em cujo interior não havia nada. Nada mesmo, nem um release. Revirei a joça de alto a baixo, olhei os lados e o fundo, nada. Vai ver alguém mandou algum brinde mas esqueceu de botá-lo na caixa, que teve como destino a lata de lixo.
Algum tempo depois, encontrei o vice-presidente da Rede Pampa, o intimorato Paulo Sérgio Pinto, que, de chofre, me perguntou se eu também tinha jogado fora uma passagem para o Rio de Janeiro. Ué, qual é?
– É que deves ter recebido uma caixa de madeira vazia – fiz sim com a cabeça – só que havia um fundo falso e nele escondia-se passagem de ida e volta ao Rio, cortesia de uma incorporadora. Te consola, também joguei fora a minha – falou.
Dei tratos à bolsa para fazer o perfil de alguém capaz de criar uma besteira dessas, que nem mesmo foi capaz de colocar na caixa o nome do remetente ou algum indicativo para olhar melhor o conteúdo. Não consegui.
O causo me veio à mente quando o José Antônio Vieira da Cunha, o Vieirinha, me contou que os bufês comuns no aeroporto Salgado Filho cobram quase R$ 80,00 o quilo. Igual à caixa vazia, por esse preço, certamente, na bandeja, deve estar escondida uma passagem aérea.