A cachaça milagrosa

30 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em A cachaça milagrosa

Até os anos 1980, a gasolina comum tinha um aditivo antidetonante para aumentar a octanagem da gasolina. Era um produto tão perigoso que o tonel ou similar onde tivesse sido armazenado não podia ser usado para mais nada. Nada mais podia ser estocado nele, líquido ou sólido. Cancerígeno, destruía de imediato as cédulas hepáticas. O aviso era impresso bem claro na lateral e tampa.

Certa feita, estava eu na praia quando um garçom que eu conhecia dos bar-chopes de Porto Alegre me reconheceu. Já não era mais garçom, era gerente de um grande bar-restaurante localizado quase na beira da praia. Orgulhoso do seu novo emprego, insistiu que eu conhecesse o estabelecimento. Lá fui eu ver o que esse tipo de negócio sempre tem.

A última parada foi em uma peça onde eram preparadas a caipirinha, que a casa vendia aos hectolitros. Para meu espanto, a mistura era guardada em um tonel de 200 litros que serviu para armazenar gasolina com chumbo tetraetila. O aviso de proibição de reuso estava bem visível. Chocado, chamei a atenção dele para a proibição. Sua reação:

– Não tem problema. A cachaça limpa tudo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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