A cachaça milagrosa
Até os anos 1980, a gasolina comum tinha um aditivo antidetonante para aumentar a octanagem da gasolina. Era um produto tão perigoso que o tonel ou similar onde tivesse sido armazenado não podia ser usado para mais nada. Nada mais podia ser estocado nele, líquido ou sólido. Cancerígeno, destruía de imediato as cédulas hepáticas. O aviso era impresso bem claro na lateral e tampa.
Certa feita, estava eu na praia quando um garçom que eu conhecia dos bar-chopes de Porto Alegre me reconheceu. Já não era mais garçom, era gerente de um grande bar-restaurante localizado quase na beira da praia. Orgulhoso do seu novo emprego, insistiu que eu conhecesse o estabelecimento. Lá fui eu ver o que esse tipo de negócio sempre tem.
A última parada foi em uma peça onde eram preparadas a caipirinha, que a casa vendia aos hectolitros. Para meu espanto, a mistura era guardada em um tonel de 200 litros que serviu para armazenar gasolina com chumbo tetraetila. O aviso de proibição de reuso estava bem visível. Chocado, chamei a atenção dele para a proibição. Sua reação:
– Não tem problema. A cachaça limpa tudo.