A bomba pegajosa
Uma série de ataques terroristas e sequestros aéreos mundo afora colocou o mundo em pânico, o que determinou severo controle de passageiros e bagagens nos aeroportos. Foi quando vieram os detectores de metais, nos anos 1970. Um delegado da Polícia Federal, hoje aposentado, era encarregado do Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre, contou um acontecido daqueles tempos. A ordem era cuidar o máximo de volumes suspeitos ou que assim o parecessem, dentro ou fora das malas.
Certo dia, um agente alertou o chefe sobre um volume pequeno mas pesado, sem dono aparente. O procedimento padrão era simples: levar o objeto para a área remota do aeroporto e, a uma distância prudente, encher a possível bomba com balas 9mm para denotar explosivos, se existissem.
O pacote foi alvejado por dezenas de tiros e não aconteceu nada. Pé ante pé os policiais chegaram no objeto terrorista não identificado e viram que dos cacos de vidro vazava profusamente uma meleca pegajosa.
Minutos depois, um deputado federal gaúcho reclamava aos berros que alguém roubara sua maleta que continha vários vidros de schmier da colônia, presentes de um fiel eleitor e que adoçariam seu café colonial em Brasília. Já vi e já dei tiro em melancia, coco, garrafa, lata e abóbora. Mas tiro em schimia, nunca.