A bolsa dos bichos
Em um dia que parecia normal, o Rei da Floresta espalhava os dentes com a costela do último carregador de moringa do safári quando chegou a raposa, toda afobada.
– Chefia, algo ruim está acontecendo na floresta!
O leão cheirou o ar.
– Não estou cheirando nada, tá normal. Que alarmismo é esse,guria?
– Mas o senhor não está sabendo? A bicharada está em polvorosa porque o homem branco espalhou um veneno no ar. Vamos morrer todos. E pior os bichos estão vendendo todas as suas ações da bolsa. Imagina, tiveram que acionar o circuito breaker!
Desta vez, o Rei da Floresta se preocupou.
– O que você está me dizendo, dona raposa! Todas as ações?
Sim, todas. Valem o mesmo que um rolo de papel higiênico usado dos humanos. Se bem que na Venezuela ainda tem quem o use…
O leão estava quase chorando. Toda sua poupança fora aplicada no fundo de ações do Banco dos Bichos É por que você não me avisou antes?
A raposa sentiu que poderia ser o lanche do leão, que saiu do choro e engrenou a primeira marcha da raiva.
– Seu leão, por favor me poupe. E para provar minhas boas intenções, vou vender meu estoque da galinhas e comprarei suas posições, pode ser?
Pela primeira vez na sua vida, o leão deu dois beijos em um bicho que normalmente comeria. Entre um e outro ósculo pensou como podia alguém ser tão burro mesmo sendo raposa.
Esta se afastou com o rosto baixo como a parecer desolada. Na real, estava é pensando onde estocaria todas as galinhas que compraria em breve.