A Arrancada  

18 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em A Arrancada  

 Já trabalhei num setor de banco que se chamava de Arrancada, lugar destinado para os novatos e os incorrigíveis – não se exigia grande especialização. Até que não fui tão mal, porque antes de sair do falecido Banco da Província, cheguei a ser assistente da gerência da matriz, na esquina da 7 de Setembro com Uruguai, hoje HSBC, Centro de Porto Alegre.

 Quem olha o prédio observa que, acima da sobreloja e seu alto pé direito, há janelões enormes, área que ocupava todo o terceiro andar, segundo se lia no elevador. Abrigava a chamada Cobrança, onde se atendia clientes que queriam pagar duplicatas, promissórias e outros títulos de crédito. Arquivos enormes lotavam o andar inteiro.

 Por que Arrancada? Simples. No documento a ser pago, o banco grampeava um impresso interno que continha todos os dados, valores, datas etc. Então eu meia dúzia que atendiam no balcão tínhamos que arrancar esse impresso e encaminhar ao caixa para ser pago.

 No início, eu não arrancava bem. Tinha que ter o jeito com aquelas espátulas específicas, mas depois de um certo tempo, tornei-me veloz na arte de arrancar grampos. Às vezes, com a unha mesmo.

 Eu era rápido, cara. Se arrancar grampo fosse modalidade olímpica, eu teria ganho ouro, pode crer.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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