Quando todo mundo lia

11 abr • A Vida como ela foiNenhum comentário em Quando todo mundo lia

encontro de jornalistas antigos em almoço

 Cabeças brancas, rostos enrugados, sorrisos largos e alegres tomaram conta do Restaurante Copacabana, no sábencontro de jornalistas antigosado, onde se reuniram jornalistas de 80 (ou quase 80) e 90 anos. Todos trabalharam em Porto Alegre, em muitos jornais e revistas que não circulam mais: Clarin, A Hora, Última Hora, Diário de Notícias, Folha da Tarde, Revista do Globo. Também trabalharam nos que sobreviveram: Correio do Povo, Jornal do Comércio e Zero Hora. E também o Jornal do Dia, de orientação católica.

 Na primeira foto, vemos três glórias vivas do jornalismo gaúcho, o crítico de cinema Enéas de Souza, Flávio Carneiro, que chefiou a área de promoções da antiga Caldas Júnior, e Antônio Goulart, meu dileto amigo e que é o interino de Kadão Chaves, do Almanaque Gaúcho da ZH. O Matusalém do grupo é Ib Kern, 98 anos, acho que trabalhamos junto na ZH, dos anos 1972.

 Lembrei de expressões daqueles tempos que hoje poucos lembram. Conversar era “bater uma caixa” e, no tempo dos magrinhos, “levar um lero”. Um dos promotores do ágape, Ibsen Pinheiro, é amigo de longa data. Quando eu era assistente da gerência do Banco da Província, dava papagaio para ele e seu sócio de banca, Werner Becker. Atesto que sempre pagaram em dia, então não venham com borzeguins ao leito. Agora, imagina só, bancário graduado de dia e repórter da área policial de madrugada, então não me digam que os tempos loucos são exclusividade dos tempos que hoje correm.

 Observem que todos têm um adesivo com o nome de guerra, o que é bom para quem tem poucos contatos com ex-colegas, para evitar o constrangedor “E tu é o?…”. Pelos nomes dos jornais acima vocês podem ter uma ideia de como era próspera a imprensa gaúcha. Foi no tempo em que o Rio Grande do Sul contribuía com quase 12% do PIB nacional – hoje é pouco mais de 6%.

 Então não tem como não ficar um pouco melancólico recordando aqueles tempos.

Fotos: Flavia Boni Licht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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