O limbo
Ninguém mais fala em breakfast. Dizemos happy hour, brunch, coffee break, mas café da manhã segue em português. À primeira vista, entendo que ou emparelha tudo ou deixa tudo em português. Mas sei o motivo. Ao contrário de 10, 15 anos atrás, quando era comum as empresas apresentarem alguma novidade ou balanço para a imprensa, hoje o número é bem menor. E aí vou dizer uma coisa jurando com a mão na Bíblia: ninguém oferecia um café da manhã melhor que o Plaza São Rafael daqueles tempos. Ovos mexidos sempre no ponto, salsicha da buena, frutas sempre maduras. Você tem alguns termômetros para ver se o café da manhã é do bem: o melão espanhol. Quando está maduro, vai firme que o resto é bom. Quanto aos ovos, é uma ciência fazê-los bem feitos. Os comuns são quando o presunto é apresuntado e o queijo é comum com mesmo gosto de isopor. É o grosso da oferta.
Eu ainda peguei o tempo dos ovos quentes servidos em um suporte com a casca quebrada em cima, para enfiar retângulos de pão. Essa refeição entrou na mesmice do trivial, o de sempre, talvez não ruim mas apenas médio. Um exemplo de capricho é o Hotel Serra Azul, de Gramado. Aliás, eles se espelharam no Plaza dos anos 1970 o seu, vá lá, benchmarking.
Meu Santo Graal de comidinhas perdidas é o coquetel de camarão do falecido Plazinha, na rua Senhor dos Passos. Nunca, em lugar nenhum que eu conhecesse, se fez algo tão especial. Mas o tempo passa, o tempo voa, e tudo hoje é regular, nem ruim, nem espetacular. Em matéria de serviços, salvo estabelecimentos A ao cubo, tudo é médio, massificado.
Combinemos: aquele apresuntado que é sobra de presunto e queijos comuns sem graça e sem sabor não são coisa que se apresente.
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