O princípio do chope
No passado não muito distante, Porto Alegre era conhecida como a Cidade do Um. Tínhamos só uma grande atração, como o cabaré da Mônica, uma grande galeteria (grande no sentido de tamanho e qualidade) c grande churrascaria, a Boi na Brasa, e assim por diante. Disputava a ponta com o Rancho Alegre, na Cristóvão Colombo perto da Félix da Cunha, e sua sede era na Ramiro Barcelos perto da Farrapos.
A Boi na Brasa era de um português, Comendador Tavares se a memória não me falha, que sabia do peso da decoração logo na entrada. Havia um boi mecânico e estava sempre cheio. Naquele tempo, como diz a Bíblia, a carne não tinha a qualidade hoje, porque era tudo boi velho com mais de quatro anos. Picanha era uma loteria. Aliás, nem se pedia tanta picanha assim naqueles anos 1960.
Por motivo desconhecido, a casa fechou. O comendador reabriu-a tempos depois em outro endereço e nome, a Churrascaria A Brasa, na avenida Pátria, perto da Benjamin Constant. Os antigos clientes foram para lá de mala e cuia. Uma das atrações era o chope sempre bem gelado e novo. Do outro lado, havia um depósito de chope da Brahma. Então alguém espalhou que o português tinha feito um encanamento direto dele para as chopeiras da churrascaria.
Marketing ou não, a verdade é que realmente o chope era de primeira. Quanto ao ser, já naqueles tempos criei o Princípio do Chope Gelado, que era assim: a temperatura do chope e o colarinho cremoso dependem da velocidade do garçom em levá-lo da chopeira para a mesa do cliente.
Esse o segredo. Segredo de Polichinelo, aliás.