A fantasia das arábias
Um amigo meu carnavalesco se transformava no Carnaval, literalmente falando. Sabidamente hétero, sua fantasia preferida era de odalisca, nome completo Odalisca Amorosa das Dunas do Saara, na última edição. Como era um sujeito abonado, gastava os tubos para desfilar onde fosse requisitado, incluindo cidades de outros estados. Só de ágatas, rubis e quejandos gastava mais do que eu ganhava em um ano inteiro.
O vestido, de algodão egípcio de primeira, tinha bordados com fios de ouro e com alguma gema rutilante no centro. Os sapatos, aqueles árabes de bico fino e voltado para cima como se gancho fosse, também eram cravejados de pedras preciosas. Quando era entrevistado, falava com a língua presa e o erre virava gê. Eu só fiquei curioso com um detalhe: na altura da cintura havia uma bainha finamente trabalhada. Mas nenhuma cimitarra enfiada nela.